Frequentar os cultos ministrados por reverendos da Igreja Episcopal Anglicana, era programa de todos os domingos pela manhã. Após, as crianças do bairro Teresópolis, eram convidadas para a escola dominical, onde deveriam receber ensinamentos sobre o Evangelho. As que residiam nas imediações do Colégio Cruzeiro do Sul costumavam cortavam o caminho para chegar à Igreja, mas a segurança e tranquilidade esbarravam nos gansos que tomavam conta daquele local.
O olhar voltado para todos os lados tinha de estar atento. pois em determinada hora, poderia ser necessário fugir de um possível ataque destes animais que costumavam sair atrás de qualquer pessoa que por aquele caminho passasse. As crianças corriam, de olho nos gansos, com medo de possíveis bicadas.
Com tanta rapidez e agilidade de criança saudável, os gansos ficavam para trás, o que garantia a tranquilidade e a chegada segura, até a Igreja da Ascenção para a esperada aula .
Os gansos eram criados pela família Appel e viviam soltos pelos campos que pertenciam ao Colégio Cruzeiro do Sul. Estes lindos animais chamavam a atenção por sua beleza e plumagem muito branca, no entanto, eram de pouca conversa .
Pelo caminho, havia muita vegetação e flores do campo que podiam ser colhidas e oferecidas em forma de bouquet. Margaridas amarelas davam um toque de beleza ao lugar. Havia muitas begônias, avencas, musgos e pés de cafés. Eram arbustos por todos os lados que cresciam em ambiente fechado e úmido. Era uma pequena floresta encantada, com ar e cheiro de mato, tão puro que entrava nos pulmões, provocando sensação agradável. Em dias chuvosos, atravessar aquele pedaço de mata significava sujar sapatos. Andar com cuidado era preciso, e caminhar sobre a grama tenra, parecia uma boa ideia.
Nestes dias, a chuva que regava o chão e a mata, perfumava o ambiente com cheiro de terra molhada e perfume de ervas e flores.
Na Igreja, meninos e meninas aguardavam a hora da reunião de domingo. Após a aula, todos retornavam para suas casas, no bairro Teresópolis.
O retorno , pelo mesmo caminho, com segurança e tranquilidade, era convite para colher uma frutinha . Podia ser amora silvestre ou um fruto cítrico, daqueles de fazer careta ao mastigar.
Acontece, que nesta "rua de passagem". havia um pomar enorme, com árvores frutíferas , onde tangerinas nem sempre conseguiam chegar a amadurecer, devido ao ataque de meninos e meninas do bairro, que as comiam verdes e azedas. Esta era uma grande aventura! Hoje não existe mais o velho pomar, nem os pés de café .
O Colégio também deixou de existir. No local está sendo construído um condomínio .
O Colégio também deixou de existir. No local está sendo construído um condomínio .
Estes doces anos, as paisagens , o encantamento daqueles campos floridos, estarão enraizados em nossas lembranças afetivas para sempre , como símbolo de alegria, paz e tranquilidade de uma infância feliz.
O velho pé de bougainville ainda está lá no mesmo lugar e floresce todos os anos. Parece resistir às mudanças que nós, crianças daquela época, insistimos perpetuar.
Regina Lemos
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